Falar sobre transtornos alimentares é falar sobre dor, silêncio e luta. Mas também é falar sobre cuidado, acolhimento e reconstrução. Muitas vezes, quem sofre com esse tipo de transtorno carrega não só dificuldades com a alimentação, mas também com a própria imagem, com a autoaceitação e com a forma como se enxerga e se sente no mundo.
Recebo, com frequência, pessoas que me dizem que não conseguem mais ter uma relação tranquila com a comida. Que sentem culpa, vergonha, medo. Que os momentos de alimentação se transformaram em territórios de tensão. E por trás disso tudo, quase sempre há uma história de exigência, controle, baixa autoestima e muito sofrimento emocional.
É nesse contexto que meu trabalho como psicóloga, especialmente dentro da Gestalt Terapia, é um espaço de escuta e reconstrução — um espaço onde a pessoa possa, pouco a pouco, se reconectar consigo mesma.
O que são transtornos alimentares?
Transtornos alimentares são condições sérias que envolvem comportamentos alimentares disfuncionais, distorção da imagem corporal e sofrimento psíquico. Eles não têm a ver apenas com “querer emagrecer”, mas com questões mais profundas, como controle, pertencimento, identidade e tentativa de lidar com emoções difíceis.
Entre os transtornos mais comuns estão:
- Anorexia nervosa: quando há uma recusa persistente em se alimentar, com medo intenso de engordar, mesmo estando abaixo do peso ideal.
- Bulimia nervosa: marcada por episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios, como vômitos, uso de laxantes ou jejum.
- Transtorno de compulsão alimentar periódica: caracterizado por episódios de ingestão exagerada de alimentos, acompanhados de culpa, vergonha e perda de controle.
- Ortorexia: obsessão por uma alimentação considerada “saudável” que, na verdade, se torna rígida e limitadora.
Essas condições podem atingir qualquer pessoa, em diferentes idades e contextos, e não têm uma “aparência padrão”. Muitas vezes, os sinais são sutis: isolamento, mudanças bruscas de humor, preocupação excessiva com o corpo, práticas alimentares restritivas ou compulsivas, entre outros.
Como a psicoterapia pode ajudar?
Na Gestalt Terapia, o foco está no aqui e agora — na forma como a pessoa se relaciona com seu corpo, seus sentimentos e suas escolhas no momento presente. Meu papel não é corrigir comportamentos, mas criar um espaço onde seja possível olhar com mais consciência e compaixão para o que está acontecendo internamente.
Durante as sessões, caminhamos juntas por temas como:
- Imagem corporal: Como você se vê? Como aprendeu a se enxergar? Que vozes e padrões influenciam essa percepção?
- Controle e culpa: O que está por trás da tentativa de controlar o corpo ou a alimentação? Como lidar com a culpa que aparece após as refeições?
- Autoconhecimento: O que você sente, o que você precisa, o que sua história te conta sobre você?
- Relação com o corpo e com o prazer: Como você sente seu corpo? Há espaço para o prazer, o descanso, o cuidado?
Através dessa escuta, abrimos caminhos para que a alimentação deixe de ser uma prisão e volte a ser um gesto de cuidado com a vida.
Um processo de reconstrução
Não existe fórmula mágica nem mudança imediata. O tratamento de transtornos alimentares é um processo, muitas vezes lento, mas profundamente transformador. E, em muitos casos, exige um trabalho em equipe: psicoterapia, acompanhamento nutricional, psiquiatria, apoio da família.
O que ofereço, como psicóloga, é um espaço seguro para que você possa nomear o que sente, dar voz às suas dores e resgatar uma relação mais saudável com você mesma.
Trabalhar com transtornos alimentares exige escuta sensível, respeito aos limites e muita presença. Não se trata de impor regras ou metas, mas de caminhar com você, no seu tempo, respeitando sua história e tudo o que ela carrega.
Quando buscar ajuda?
Se você sente que sua relação com a comida ou com o corpo tem causado sofrimento, se alimentar virou um momento de culpa ou se você se percebe em comportamentos repetitivos que envolvem controle, distorção de imagem, compulsão ou punição… talvez este seja o momento de buscar ajuda.
Não é preciso esperar “ficar grave” para cuidar de si. Toda dor merece ser ouvida. Toda tentativa de se entender merece atenção. Você merece apoio.
Um convite ao cuidado
Se você se reconhece nesse texto ou conhece alguém que esteja passando por isso, saiba que não está sozinha. O primeiro passo pode ser silencioso, tímido, incerto — mas ele já é um movimento em direção à vida.
Estou aqui para caminhar com você. Te escutar com respeito e presença.